segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Encontro do dia 15 de outubro


Em uma floresta densa, com as mais diversas árvores, eis que surge de suas copas um enorme bando de papagaios, inicialmente voando por intermináveis minutos o descampado de forma aleatória, como que verificando toda área ao seu redor, procurando prever o surgimento de algum predador ou a possibilidade do tempo mudar de um céu límpido e azul cintilante com algumas poucas nuvens formando as mais abstratas formas em um turbilhão de vento e o aproximar de nuvens mais densas e escuras prontas a descarregar toda sua fúria naquela imensidão montanhosa. Passada a preocupação desnecessária o bando disperso de papagaios se unem e sobrevoam em círculos num determinado ninho na mais alta e frondosa árvore da floresta, e como num estopim vindo do meio da floresta todos os papagaios que antes sobrevoavam, afastaram-se do ninho o mais rápido possível como se lhe custassem a vida ficar ali por mais um segundo sequer, surgindo elegantemente da área evacuada a mais bela das aves, com suas lindas penas de um verde ouro cintilante dando seu primeiro rasante em busca da árvore escolhida para seu pouso perfeito, prontamente sua voz antes indistinta no meio do alvoroço dos demais papagaios, ouve-se agora macia, suave e límpida.
Ao som do rio Uraricoera um grito quebra a paz vindo do meio da imensidão floresta, A mãe de Macunaíma entra em trabalho de parto, as contrações que inicialmente pareciam apenas algumas pontadas ritmadas vindas do abdômen passa a equiparar-se a uma britadeira incontrolável pulando em seu ventre, limitando sua respiração a curtos espaços de tempos como que anunciando a hora do grande acontecimento, o nascimento tão esperado, o nascimento de Macunaíma. A mãe de Macunaíma sozinha, de pernas abertas em seu momento mais doloroso, teve a sensação de que seu filho, que haveria de ser o mais esperto de sua tribo, se divertia ao nascer, saindo e voltando ao seu ventre, meio que escolhendo a melhor posição para sua chegada triunfal ao mundo.
De uma trilha cercada por robustas árvores de ambos os lados, com o farfalhar a se escutar e pétalas de flores a cair surge Macunaíma, nascido de um mato virgem e heroi tão esperado de nossa gente, caminhando a procura de um papagaio em especial que se divertia sobrevoando a fim de resvalar sobre as pontas cariciosas de cada uma das folhas do mato baixo, acabando por chegar ao rio onde as lindas mulheres morenas tomavam banho nuas.
Macunaíma era assíduo frequentador do torê e sempre respeitava os mais velhos, anciãos portadores de muita sabedoria, sabedorias essas que eram necessárias para solucionar os mais diversos problemas pelos quais a tribo passava, só que das mulatas que por ele passava uma casquinha ele sempre tirava, deixando-as indignadas e culpando Jiguê que ao seu lado estava.
Macunaíma sente uma intensa necessidade de liberdade e pede a mãe que o leve para passear, ouvindo recusa ao seu pedido põe-se a chorar, sua mãe tenta bajular dando um pouco da comida que tinha acabado de cozinhar, não conseguindo acalmá-lo procura ignorá-lo mais nem seu precioso sono Macunaíma deixou de perturbá-lo. Até que no dia seguinte sua mãe pediu a Sofará, sua nora, que o acompanhasse no caminho do mato, Macunaíma aproveitou-se da beleza de Sofará e ambos se deliciaram com o melhor que cada um propusera ao outro, no outro dia Sofará passa pela ponte que corta a floresta das adjacências da tribo para a mais densa das montanhas ao encontro de Macunaíma, inesperadamente Jiguê o acompanhante traído de Sofará flagram ambos em seu deleite.
Jiguê, indignado bate em Sofará e enfrenta Macunaíma, quando não mais conseguia surrar, Macunaíma foi até a capoeira, mastigou raiz de cardeiro e ficou são. “Ai que preguiça...” de continuar.

                                                        por Felipe Lira

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