segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dia 19 de setembro de 2010 - Oiando pelo Zói Amatutado






O sol abre as porteiras desse dia de domingo como bom matuto que pede licença ao adentrar em um recinto. Uma festa de cor, onde o céu azulado parece cantar e contar por miúdos que o dia celeste já nasceu por cima da ribanceira. E no território Nordestino mais verde do país canta a canção que ecoa, como quem pede pra arte, que ela possa nos brindar com coragem para mais um dia de labuta.

Cabra macho que é cabra macho,

Chega na hora e não se atrasa.

E as donzelas com sua doçuras,

Também chega com ternura,

Remexendo logo a cintura

Para não dar dor no espinhaço,

Mode não ficarmos doida

Pois é que nem levar coice de mula parida

Dando uma topada na vida

E caindo com a cara no chão.

Para começar fizemo uma tar de cena 01: que a gente fica que nem doido quando come buchada estragada, batendo os braços na perna e pedindo pra achar um mato, a isso o Zuardim fala que é uns pársaros a voar. Vai tá todo mundo de verde quinem uns papagaio impriquitado, cada qua fala uma parte do texto que vem a seguir. É uma mundiça só:

"Era preto retinto

e filho do medo da noite.

Houve um momento

em que o silêncio foi tão grande

Que só se escutava

o murmurejo do rio Uraricoera."

Tudo isso é tagarelado fazendo paper de árvore. O meu paper é menor, apoi eu faço paper de mato, um mato que fica de zói grelado quando a oisa ove: “o silêncio foi tão grande...” Apoi a gente vorta ao normá e traqueja todo noi junto a parte inteira do falado do texto lá de riba.

A base de muito berro e gemido feito pelo povo que participa, incrusive eu que dou o berro da paridação final, se ajuntado para montar a índia e oiando ela feito os reis magos na manjedoura de nosso senhor Jesus Cristo, a muier parí uma criança feiosa, desmilinguida. A índia parideira olha para o resultado do piraí afeiuzado e se assusta. Oia para o povo como quem falasse: Que dor de barriga foi essa, pra eu dar essa cagada?! E se avexa a sair.



Uma das vei que Sayonara tava fazendo paper de bucho, o bucho junto com a mãe cairam quenem jaca mole quando cai no chão e fica só a papa! Me chega fartou respiração! Mas num foi nada não!Zuardim com toda a sua experiênza matutal, mandou continuar a presepada. E todos fizeram isso, apoi Zuardim tava com uma invenção diante de toda sua sabença de acigurar as nossas istripulia numa tar caixa, que pia só! Segura a imagem da gente dentro dela, o povo da carpitar chama isso de marquina. Pense numa bicha dispombada!


Marapaz! E o tar do boneco ainda fala querendo aparecer, feito rapariga quando tar se olhando na pintiadeira: “Ai que preguiça!”

Vamo todo mundo cantando, repetindo numa só voi, essa frase que vem aí e eita noi: "No fundo do mato-virgem... No fundo do mato-virgem... No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma... nasceu Macunaíma... nasceu Macunaíma, herói de nossa gente... herói de nossa gente... herói de nossa gente..." Prumode que tem uma pergunta nesse mei “herói de nossa gente?” (essa é feita por um cabra macho, magui, preto e torado, chamado Damião).




Na cena do nubro 02 é o serguinte: Macunaíma (que é um boneco que mexe por causa do bulinado de: Jeane, Samyr e Sayonara, que são os abulinador que faz o boneco movimentar) ele fica sentado espragatando formiga, não se move, ta quinem homi com suvaqueira que vê muiê bonita chegando perto, no sai nem do lugar, pra não espaiar o fedor, oiando e aperriando Jiguê trabalhar.



Esse cabra que trabaia anda com sua muier nos lombo (que no caso sou eu, que fico com os quartos que nem quem acabou de dar a luz sem a ajuda de uma parideira) e ele oia aperriado pra o boneco, que feito macumba braba que não sai nem com reza forte, fala: “Ai que preguiça!”

Ele sai do lugar prumode ganha um agrado. As índias doncelas passam e ele passa a mão nas bundas delas, quando elas oiam pra ele inchada quinem cururu no sal, ele aponta acusado o tar de Jiguê. Elas dão é um bufete no Jiguê. Isso acontece com as três belezuras, uma de cada veis, que passam na sua frente, itãose são três bufetes acunhado (acunha...acunha...acunha...) na cara do abestalhado. E damos por encerado esse domingo tão coisado e muito bem trabalhado, com esse cabra abofetado e com os meus quadris esculhanbados que me fez ficar com dor nos espilhasos, por causa desse homi alesado e abestalhado que é meu marido infeliz.

Por Michelle Melo 

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ensaiando aos pedaços no feriado

Compondo a mãe (5 e 6 de set. de 2010)







.....De que uma mãe é feita? Uma mãe não é fácil de fazer. As mães que o digam. Necessita-se de tempo e dedicação ou anos de maternidade. Porém, não falo de uma mãe qualquer, mas da mãe de Macunaíma, ou melhor, a nossa mãe de Macunaíma.
.....Primeiro olhamos fotos de encontros anteriores como uma mística para o porvir. Falamos de nossa participação no Encontro de Extensão que ocorrerá em outubro e também alongamos, aquecemos e recebemos em nosso ventre uma nova companheira, a Taís. No coração de mãe sempre cabe mais um.
.....Então veio ela, tão grande e soberana. Feita por um, dois, três, quatro, cinco, seis... São cabeça, tronco, barriga, pernas, pêlos. Mesmo pesada ela conseguiu andar com seus passos indígenas em um toré descompassado, passado e repassado em busca de um ritmo próprio. As dores do parto são negados pela menina que trabalha fabricando um grande cesto humano, junto aquela Sofará de seios e bunda empinados.
Ora rolando, ora empinando, ora dando passos indígenas, íamos experimentando.
.....As falas, em quatro tempos, foram treinadas. Rápidas e concomitantemente; depois mais lentamente; fora da ordem, mas ditas um por vez; por fim, a fala de cada um é dita na ordem direta. Antes da última etapa, um breve silêncio. Lemos o roteiro, refletimos e avaliamos cada cena, como também houve uma reflexão sobre o entendimento do público.
.....No dia seguinte combinamos praia para continuarmos a feitura da Mãe. E lá fomos nós, novamente. Vieram a mãe, a nora e o filho do meio. Vieram troncos, rolagens, matos, árvores, trabalho, areia, areia, areia. E a mãe continua emergindo, tomando conta de nós, enquanto tomamos conta dela. Em breve ela vai parir e eu quero estar bem perto do fundo do mato virgem, compartilhando o nascimento daquilo que nos faz estarmos juntos.


Por Jeane Araújo