quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Compondo a mãe (5 e 6 de set. de 2010)







.....De que uma mãe é feita? Uma mãe não é fácil de fazer. As mães que o digam. Necessita-se de tempo e dedicação ou anos de maternidade. Porém, não falo de uma mãe qualquer, mas da mãe de Macunaíma, ou melhor, a nossa mãe de Macunaíma.
.....Primeiro olhamos fotos de encontros anteriores como uma mística para o porvir. Falamos de nossa participação no Encontro de Extensão que ocorrerá em outubro e também alongamos, aquecemos e recebemos em nosso ventre uma nova companheira, a Taís. No coração de mãe sempre cabe mais um.
.....Então veio ela, tão grande e soberana. Feita por um, dois, três, quatro, cinco, seis... São cabeça, tronco, barriga, pernas, pêlos. Mesmo pesada ela conseguiu andar com seus passos indígenas em um toré descompassado, passado e repassado em busca de um ritmo próprio. As dores do parto são negados pela menina que trabalha fabricando um grande cesto humano, junto aquela Sofará de seios e bunda empinados.
Ora rolando, ora empinando, ora dando passos indígenas, íamos experimentando.
.....As falas, em quatro tempos, foram treinadas. Rápidas e concomitantemente; depois mais lentamente; fora da ordem, mas ditas um por vez; por fim, a fala de cada um é dita na ordem direta. Antes da última etapa, um breve silêncio. Lemos o roteiro, refletimos e avaliamos cada cena, como também houve uma reflexão sobre o entendimento do público.
.....No dia seguinte combinamos praia para continuarmos a feitura da Mãe. E lá fomos nós, novamente. Vieram a mãe, a nora e o filho do meio. Vieram troncos, rolagens, matos, árvores, trabalho, areia, areia, areia. E a mãe continua emergindo, tomando conta de nós, enquanto tomamos conta dela. Em breve ela vai parir e eu quero estar bem perto do fundo do mato virgem, compartilhando o nascimento daquilo que nos faz estarmos juntos.


Por Jeane Araújo


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